Durante algum tempo pensamos em arrumar um namorado pra Flor, para que pudéssemos colocá-la pra criar e vender seus filhotes. Mas, na verdade, eu mesma relutava um pouco com a idéia, pois já tinha alguma experiência com uma cadela que tive a alguns anos, chamada Kat. Como ela ficava sempre com o seu namorado, Casper, em todo cio, eram bebês na certa. Só que ela não cuidava dos filhotes. Apenas paria. Não amamentava e nem chegava perto dos pobrezinhos. Eles morriam de fome. Naquela época, eu trabalhava fora e só no final do dia, ia na construção da casa onde eu moro atualmente e que os cães ficavam, prá poder ver como andavam as coisas. Cada dia que chegava, havia um filhote a menos. Além de fome, eles morriam de frio e de pancadas, pois ela tinha mania de correr atrás do rabo que nunca teve e nessas acrobacias, jogava cachorro prá todos os lados. Em todo esse tempo, só um filhote foi adiante, porque eu e minha mãe tratamos dele na mamadeira e eu o chamava de Zé.
O namorado escolhido foi o Bob, rotweiller do sobrinho do Wander. Um cão “capa de revista” de tão lindo. No dia marcado, levamos a Flor para o local do encontro e assim que ela chegou, já estranhou o coitado e lhe deu uma surra daquelas. Pensamos: “isso não vai dar certo”. Ela ficou cinco dias com ele, no canil. Estressada, por estar presa, avançava em tudo e principalmente no pobre do Bob. Depois do prazo estabelecido, trouxemos a Flor novamente, já cientes de que não havia dado certo.
Com o passar do tempo, começamos a notar que os peitinhos incharam, ela ficou roliça de tão gordinha e aguardamos ansiosamente o parto. Um dia antes a nossa Santa Veterinária, Ana Paula, deu o veredicto, seria na noite seguinte. Eu, particularmente estava mais ansiosa que todos, pensando como seria, pois o histórico dela não era dos melhores.
Chegamos em casa dia 12 de março, as 22 horas e do portão já escutamos o choro dos filhotes. Ao chegarmos no porão, haviam oito , todos já limpinhos, mas espalhados por todos os lados. Tentamos colocá-los no lugar preparado, mas Flor distribuía bocadas pra todos os lados. Apavorados, pegamos os filhotes e levamos pra dentro de casa, na esperança de salvá-los da mãe assassina. Liguei para Santa Ana, as 23 horas e ela disse:
- Cláudia, tem que deixá-los com ela. Com pena de amanhã, não haver sobreviventes. Ela tem que se virar.
Devolvemos os filhotes, fechamos a porta e os ouvidos e salve-se quem puder. As cinco da manhã, resolvi ver como estavam as coisas e para meu espanto haviam nascido mais quatro. Ela já estava mais calma e tentava fazer o ninho, cavando um lugar determinado no porão. Juntei uns panos e coloquei no lugar escolhido e deitei a mamãe lá. Depois, fui pegando os filhotes um a um e colocando pra mamar. Ela me olhava de um modo todo estranho, tipo: “o que significa isso tudo? De onde surgiu esta cachorrada?”. Neste lugar ela ficou 24 horas, sem fazer cocô, nem xixi. Apenas amamentando. Respirei aliviada. Nos próximos dias, prá que ela pudesse comer e beber água, tínhamos que levar até ela. Só levantava prá suas necessidades fisiológicas. Foi assim até que nasceram os dentinhos nas fofurinhas. A partir daí, a festa acabou. Ela tomou pavor dos filhinhos, pois eles a machucavam com aquelas pontinhas afiadas na boca. Então, entrou em cena, Lindinha, que, por não cheirar a leite, assumiu o posto de tia e tomava conta dos filhotes, dormia e brincava com eles.
Mesmo assim, Flor foi uma super mãe e também não era neurótica não. As pessoas chegavam prá ver os filhotes e ela não se importava. Ficávamos com eles no colo e era uma festa. Claro, que com ela presa, né? Quando eles começaram a ser distribuídos, o comentário era um só: os filhotes pediam colo o dia inteiro.
Mas, em toda esta história tem uma parte triste. O pai dos filhotes, Bob, morreu no dia que os filhotes nasceram. De ataque cardíaco. Minha mãe brincou que ele se assustou com a quantidade de filhos que teria que cuidar. Prá lembrarmos dele, ficou o Bacana e a Juma que são a cara dele. Observem a foto do Bob abaixo e a do Bacana na sua postagem. É prá não esquecermos de um cão doce, tranqüilo e grande amigo do seu dono, como todo rotweiller deve ser.
Oi Claúdia! Estou adorando suas estórias.Parabéns.
ResponderExcluirEstou aguardando a próxima.
beijos
Mariazinha