sábado, 4 de dezembro de 2010

BACANA, O CAÇULA.

            Tenho poucas histórias sobre o Bacana. Ele fez 9 meses dia 12 de dezembro. Além de estar dengoso demais por causa dos mimos que eu e Lindinha fazemos nele, posso dizer que é um filhote corajoso.
            Com dias de nascido, sua mãe, Flor, arrancou dois dedinhos da pata traseira esquerda dele. Como? Nós nunca saberemos. Chamávamos de “Dois Dedinhos” prá diferenciá-lo dos outros. Eu, como já tinha três cachorros em casa, não pensava em hipótese alguma em ficar com mais algum. Apesar de adorar os filhotes, estava doida que chegasse os quarenta e cinco dias pra despachá-los para seus donos, tamanho é o trabalho que  davam. Mas, o pequeno não me largava prá nada. Quando chegava no porão, onde eles ficavam, ele era o primeiro a chegar perto de mim e o último a me largar. Ele era muito miudinho e sem graça e eu que sempre tive uma queda pelas minorias,  fui me apaixonando... Quando os outros começaram a ir embora, eu já tinha certeza de que esse não iria. Mas, precisava arrumar um nome decente para ele, então, um dia ao assistir vídeo show, vi uma entrevista com aquele ator que trabalhou em Armação Ilimitada, onde seu nome era Bacana. E eu pensei: é esse.
 Comecei a deixá-lo de dia com a Flor, pra ela não se desacostumar dele e a noite com a Lindinha. Mas, logo vi que aquilo não daria certo. Ela era bruta demais nas brincadeiras, deitava em cima dele e ficava mordendo e rosnando que dava medo. Em mim e nele. Quando eu chegava perto então... Ela não deixava ele se aproximar e tentava afastá-lo de qualquer maneira, por ciúmes.
            Para evitar conflitos, eu sempre trato dos quatro separadamente. Baruk e Flor comem dentro de seus respectivos canis e Bacana e Lindinha dentro do porão. Os dois primeiros nunca puderam comer juntos, pois um come o seu e depois quer comer o do outro, o que já não acontece com os outros dois,  que comem juntos e não acontece nada.
            Um belo dia, depois de tratar dos quatro, estava arrumando as coisas pra levar Flor e Baruk para ficar na frente da casa, então o Bacana que estava dentro do porão, teve a bela idéia de passar a pata por baixo da porta, brincando. Nessa altura ele já tinha 4 meses. A Flor, até hoje não sabemos porque, mordeu a pata dele e quase a arrancou. Eu entrei em desespero, não sabia o que fazer. Jogava água nela, batia na cabeça dela, enfiei as duas mãos dentro da boca dela e nada...ela não largava de maneira nenhuma. O filhote, gritava e chorava e a patinha dele ia roçando na parte de ferro da porta e arrancando os pelos. Foi então que tive a idéia: “se o Baruk salvou a Lindinha duas vezes, quem sabe ele não faz alguma coisa.” Corri no canil e soltei o Baruk. Ele entrou como um super dog no porão e apenas rosnou pra ela. Ela soltou a pata na hora. Nesta altura do campeonato, eu estava um molambo. A minha vizinha de lado, ouvindo meus gritos, chegou no muro, achando que a Flor tinha avançado em mim. Veio com um copo de água com açúcar, que eu tomei um pouco e ela de tão nervosa tomou o resto.
            Imediatamente, liguei para o Wander, meu marido, e levamos o Bacana a clínica veterinária. Sua pata parecia com a de um boi de tão inchada. Ele, de tanto chorar e gritar fez coco e xixi prá todo lado. Felizmente,  não quebrou nada, mas  a pata ficou toda furada, que atravessou de um lado para o outro. Quando eu cheguei da clínica e o coloquei com a Lindinha, ele todo cheio de curativos, entrei em uma crise de choro que não parava e a Lindinha ao ver nossa tristeza, chorou também. Bacana levou semanas pra se recuperar. A partir disso, nunca mais se viram. No outro dia, a desesperada, chorou o dia inteiro, não sei se de remorso, ou de dor de cabeça, afinal eu amassei uma vasilha de alumínio na cabeça dela.
            Hoje, ele fica só com a Lindinha. Manca um pouquinho da pata traseira, pela falta dos dois dedinhos. Mas é bonzinho demais. Amigão da Lindinha, não larga ela pra nada e vice versa. Quando eu saio com um, o outro fica chorando. Super obediente e dengoso. Não pode me ver que se enrosca todo pra ganhar cafuné. Quando eu saio de casa, às vezes ele fica chorando.
As pessoas falam tanto de rotweiller!Que é um cachorro violento, que mata o dono, etc. Eu que convivo com eles a quase quinze anos, a única atitude violenta que vi, foi essa da Flor. Mas eu entendo. O ciúme que ela tem de mim é doentio. Então, eu não abuso. Se faço cafuné em um, faço no outro. É uma raça fiel como poucas. Dos meus quatro cachorros, os mais agarrados comigo, por incrível que pareça são os dois rotweillers. Meus grandes amigos...
Próxima: O nascimento dos filhotes

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