domingo, 17 de novembro de 2013

TETÊ


 Manhã de domingo.  Programa em vista: levar D. Emília a uma feira de artesanato. Tudo pelo bem de madrecita. Estava completamente entediada. Quando chegamos lá, com aquela dificuldade toda de arrumar estacionamento e tal, perto da barraca de uma amiga, Tê, lá estava ela. Deitadinha, toda desanimada.

Tê me perguntou se por acaso não estaria doente. Fiz as perguntas clássicas: tentou dar água, comida, andou?  Em todas ela respondeu que sim, mas a cadelinha não quis nada. Aí comecei a Via Crucis, achar alguém que a levaria pra Valéria*. Um tá sem carro, um não pode agora. E cachorro de rua pra desaparecer é melhor que o Mister M. Desisti. Eu e mamãe íamos almoçar em Itaverava e não tinha como levá-la junto.

Falei com Tê, que quando chegasse ligaria, e se ela ainda estivesse ali, a levaria pra Valéria. A interseção divina teria que funcionar.

Quando voltamos, por volta de 16 hs, fiz a ligação e confirmadíssimo: a cadelinha estava lá me esperando. Voltei, parei do outro lado, cheguei perto e pra surpresa de todos, ela veio e se enroscou em mim, confirmando a teoria de minha mãe: você tem cheiro de cachorro, por isso todos grudam em você. Fui chamando, e ela veio até o carro. Abri a porta e ela Zupt pra dentro.

Foi até a Valéria comportadíssima, como se tivesse andado de carro a vida inteira.


No outro dia, já marquei a castração no CCZ e daí de volta pra Valéria.

Aí começou outra Via Crucis, arrumar dono. Não acho certo soltar na rua novamente, apesar de ser infelizmente o que deve ser feito. Não conseguiremos achar dono, dono no sentido literal da palavra, não qualquer pessoa que coloque na corrente de qualquer jeito, sem o mínimo de cuidado, pra todas as cadelas de rua que castrarmos.  A longo prazo, essa situação irá mudar, diante da quantidade de castrações que estão sendo feitas, mas por enquanto é o “menos pior” a se fazer.

Tetê, o nome escolhido, em homenagem a amiga que a achou, ficou na Valéria por quase 30 dias, quando finalmente conseguimos um dono pra ela, que de quebra levou uma companheira com ela, que também estava lá, aguardando um novo lar. Estão agora em um sítio no município de São Gonçalo, alegrando a vida de um casal de idosos que também precisam de alegria que é o que duas cadelinhas podem dar, e de sobra.

* Valéria é uma protetora que nos ajuda muito nessa questão de castração de cadelas de rua. Contei sua história na postagem "Uma discípula de São Francisco". Quero também acrescentar que o valor gasto nestas castrações é dividido por um grupo de amigos.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário