sexta-feira, 6 de junho de 2014

UMA FLOR CHAMADA SAUDADE


Quando fui buscar a Florzinha há 6 anos, para morar conosco, não imaginava que ela nos deixaria tão cedo. Osteossarcoma! Esse foi o nome do passaporte que ela usou pra passar pro outro lado. Descobrimos tarde demais ou sei lá, talvez na hora certa. Só sei que depois do diagnóstico foram somente três semanas de convivência.

Para evitar maiores sofrimentos optamos pela eutanásia, mas um dia antes de ela ser internada me despedi como se deve. Fiquei no canil junto com ela e repeti tudo que eu havia dito à ela todos esses anos. O quanto ela era importante para nós, o quanto éramos agradecidos por tudo que ela fez por nós, por trazer alegria aos nossos dias, por nos proteger, por ser tão carinhosa e por ser tão corajosa ao enfrentar todas as dores  sem rosnar, chorar ou qualquer coisa do gênero. Apenas nos olhava com aquela carinha de bebê que ela nunca perdeu. E quando questionei qual seria a hora da despedida,  Dra. Ana  me disse que aguardaríamos a hora em que ela parasse de lutar, porque essa luta também era dela. Foi aí que entendi que nem sempre os animais devem ser sacrificados. Existem as lutas que valem a pena e as que não têm jeito. Infelizmente a da minha Flor se encaixava na segunda opção.

Coincidência ou não, li recentemente um livro espírita chamado Todos os Animais são nossos Irmãos, onde o autor nos conta o que acontece com eles depois do desencarne. Pra onde vão, por quem são recebidos e a razão dos sofrimentos que eles passam na Terra. E eu acredito que onde ela estiver, sem dores principalmente, ela foi bem amparada.  E também acredito que, quando reencarnar, se não for possível voltar para o nosso convívio, ela terá um dono muito especial como ela merece. Paciente para entender todos as suas necessidades de pulos e lambidas e carinhoso para retribuir toda sua carência afetiva . Um dono com D maísculo.

Quando perdemos um animal ouvimos sempre essa frase: “por isso que eu não tenho. Nessa hora a gente sofre muito”. Mas e todos os dias de alegria? E com a Flor foram inúmeros!  O dia em que ela comeu todo o abacate que estava na mão da Divanilda de uma vez. O dia que comeu uma empada que a Di trouxe pra ela, também na maior esganação.  Quando ela viu o Tom pela primeira vez e tentou passar por um

 buraco na porta de 0,20 x 0,20 cm para trucidá-lo. Todas as vezes que eu chegava em casa e ela já estava no portão me esperando. O dia que eu coloquei-a dentro do carro no banco de trás solta e ela passou pro da frente lambendo a minha cara e eu não enxergava nada pra dirigir. Ah! São muitas estórias pra contar...

Florzinha, você foi a melhor cadela que alguém pode ter. Só sinto não poder tê-la comigo por muitos anos ainda, mas Deus sabe o que faz. Agradeço a Ele a oportunidade de conhecê-la e de ser sua protetora por tão pouco tempo e onde você estiver receba todo o meu amor.