domingo, 29 de dezembro de 2013

COMPAIXÃO



Um guarda florestal descobriu Heart e chamou Leo Grillo, fundador do Dedication and Everlasting Love to Animals (Dedicação e Amor Eterno pelos Animais) (D.E.L.T.A. Rescue), em Glendale, na Califórnia.
"Há um cão ali adiante". O guarda florestal apontou para a estrada. "Parece que ele está morrendo".
Grillo encontrou Heart atrás de uma tora perto de uma lagoa onde alcatéias de coiotes costumam se abrigar junto aos caniços. Sujo de lama e encharcado como uma esponja molhada, ele estava enrodilhado numa poça de água da chuva, até onde havia se arrastado para refrescar suas feridas. "Parecia como se alguém tivesse apanhado uma faca e o tivesse retalhado.", lembrou-se Grillo. O cão estava indiferente a tudo e mal conseguia respirar, em estado de choque, não apenas devido à dor dilacerante mas também à perda de sangue.
Aconchegada junto a Heart estava a filha de três meses, Soul. Sob as orelhas de Soul havia os mesmos pelos fofos de Heart. Sua cara meiga e seus olhos negros e tristes eram idênticos aos dele, só que menores e mais delicados.
No hospital do D.E.L.T.A. Rescue, o veterinário descobriu que o abdômen de Heart e as pernas traseiras estavam retalhados. Seu tórax e seu pescoço mostravam feridas em forma de perfurações com dentes. Grillo sabia exatamente o que havia acontecido com o cão, e a sua teoria foi confirmada alguns dias depois na lagoa, onde Grillo descobriu marcas de patas na lama, que agora secara numa crosta - pegadas que mostravam caos, movimento frenético e terror.
Os responsáveis se livraram de Heart e Soul abandonando-os numa região agreste, imaginou Grillo. Eles caminharam quilômetros tentando encontrar um lugar quente e seco para se esconder e se alimentar. Enquanto procuravam, eles toparam com uma alcateia de coiotes, igualmente ansiosos por uma refeição. A pequenina Soul era, como Grillo afirmou, "uma perfeita sopa para um coiote". Fazendo uma leitura das marcas de pegadas como palavras em um livro. Grillo concluiu que os coiotes famintos cercaram o pai e a filha e estavam prontos para mata-los.
Porém, Heart provavelmente atraiu os coiotes de modo a dar a Soul a oportunidade de correr e de se esconder. Quando os coiotes fecharam o caminho para a fuga de Heart, a terrível luta começou; e ele defendeu a filha com cada partícula de força que tinha. O cão venceu a luta e os coiotes fugiram. Heart se arrastou até a vala atrás da tora, para onde Soul se dirigiu enrodilhando-se ao lado dele.
No Hospital, Grillo deixou aberta a porta da gaiola de Heart para que Soul pudesse ficar perto dele. Durante dias, ela permaneceu deitada no chão com a cabeça levantada de modo que ela ficasse em repouso perto da cabeça dele dentro da gaiola. Sempre que ele acordava, ela lambia-lhe o rosto, como se estivesse tentando encorajá-lo e dizer-lhe que ele era o maior pai do mundo. Soul parecia tomar muito cuidado para não esbarrar nas suturas de Heart, provocando dor.
Não é preciso muito imaginar as emoções profundas e poderosas entre Heart e Soul, ou a determinação absoluta de um pai para salvar a filha. Ele deve ter visto os coiotes e, com terror e raiva, sabia que lutaria até a morte para protegê-la. Quando os dentes avançaram para dilacerá-lo, Heart deve ter querido fugir e se esconder e se salvar, mas não o fez. Ele escolheu a dor para que Soul fosse poupada.
Grillo diz: "Os animais se preocupam desesperadamente uns com os outros." Ele deve conhecer bem esse fato: com mil e quatrocentos animais no seu santuário. Grillo vê todos os dias criaturas como Heart e Soul demonstrando o cuidado desesperado por meio de atos de bondade de uns para com os outros.
(trecho do livro A Bondade nos Animais, Kristin Von Kreisler, Cultrix, 2005)
(imagem meramente ilustrativa)

domingo, 15 de dezembro de 2013

A BONDADE NOS ANIMAIS - Histórias Reais de Animais que Preferem fazer o Bem

SENSIBILIDADE

Existe a história de um extraordinário rottweiller que vive em Panamá City, na Flórida. A polícia o apanhou numa rua em frente a um bar às 2:30 da madrugada com uma garotinha de cinco anos de idade. A criança havia acordado no meio da noite e descoberto que sua mãe a havia deixado sozinha em casa - e que certamente tinha saído para beber com as amigas, como sempre fazia.  É provável que, sentindo-se totalmente abandonada, a criança tivesse saído de casa e se encaminhado para o bar favorito de sua mãe.
Quando encontraram a menina, os policiais não tinham a menor ideia de onde ela morava; e ela não conseguia lhes dizer porque estava incapacitada e não conseguia falar. O ajudante do xerife, Lee Heathcott, e seu pastor alemão foram chamados para rastrear os passos da criança e levá-la de volta até sua casa. Heathcott descobriu que a criança havia andado sem destino certo pelos arredores durante pelo menos duas horas e meia, atravessando valas, pântanos e bosques. Tremendo de frio no ar gelado da noite, ela caminhou por ruas e docas escuras e vazias, onde ela poderia facilmente ter caído dentro da água e se afogado.
O rottweiller, que já fora um cão de rua, e certamente entendia o que era sentir frio e fome, percebeu a vulnerabilidade da menina. "Eu posso dizer pelo rastro que o cão não estava a mais de 30 ou 60 centímetros de distância da criança", diz Heathcott. Um parente melhor do que a própria mãe humana da criança, o cão, de apenas cinco meses de idade, não saiu do lado da garota nem por um minuto. Em seus dentes, o sensível animal carregava o cobertor da menina.
 
(imagem meramente ilustrativa)

(trecho extraído do livro A Bondade dos Animais, Kristin Von Kreisler, editora Cultrix, 2005)