terça-feira, 26 de março de 2013

CHIARA


CHIARA

Em uma manhã fria de domingo, minha irmã, Kátia, me ligou contando que tinha um cachorrinho abandonado em uma escada de construção perto da casa da minha mãe.
- Cláudia, pega ele pra você! É  lindo!
- Tá doida? Aqui em casa a lotação tá esgotada. Foi a  minha resposta.
A curiosidade venceu a preguiça e o frio e desci pra ver o cachorrinho.
Como sempre, sujo, magro, mal tratado, pêlo todo embolado, cheio de pulgas e terrívelmente assustado. Fiquei penalizada e pensando no que fazer. Imediatamente me veio à mente a minha amiga e vizinha Selma, que há tempos queria um cachorro e nunca dava certo as tentativas. Liguei:
- Selma, vem aqui pra você ver uma coisa.
- O quê? Aonde?
- Aqui, do lado da farmácia.
Ao chegar lá, Selma, como era de se esperar, se encantou com a coisinha. Seu marido, Adilson, coincidentemente ou não, passou do outro lado da rua e nos ajudou com uma caixa pra levá-lo pra casa. Demos água, ração (eu já tinha descido com um pouco) e ele tremia como vara verde.
Disse:
- Selma, vou levantá-lo e você vê se é macho ou fêmea.
- Como?
- Ora, qual é a diferença entre meninos e meninas?
Caímos na gargalhada e descobrimos  que o serzinho assustado era uma menininha. Seu nome seria Chiara.
A partir daí, Chiara ganhou, roupinhas, casinha, vasilhas, tudo cor-de-rosa. Os donos, eu não tive dúvida nenhuma quanto a isso, fizeram dela uma princesinha. Tudo que tinha direito: vacina, vermífugo, vitaminas,  e por fim castração. Levam pra passear, pra viajar... Enfim, faz parte da família agora.
Houve inclusive uma suspeita de que ela estivesse prenha. Seria necessário um ultra-som pra saber. Na preparação, Luftal de 3 em 3 hs na madrugada. E dá-lhe corre- corre atrás de Chiara para tomar o remédio, com Adilson e Selma cochilando em pé.  Alarme falso!
Como sempre, um animalzinho na casa muda os hábitos e a rotina de todos, mas de uma maneira maravilhosa.  Chego a dizer que ele nos faz ficar mais humanos. Deixamos de dar importância a várias bobagens, que antes tão importantes, deixam de ser, pra serem superados pelo amor incondicional que eles nos proporcionam.
Graças a Deus, menos um animalzinho abandonado na rua, passando fome, sede, violência, frio, medo. Que mais tenham a mesma sorte que Chiara teve e consigam também um lar acolhedor como desses meus dois amigos.


 

 OBS. Observem como estava o pêlo no momento em que foi encontrada.

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