Conquistador sem pátria,
mínimo tigre de salão
nupcial sultão do céu das telhas eróticas”.
(trecho do poema Ode ao Gato, Pablo Neruda)
Sempre me antipatizei com gatos. Talvez devido a uma certa ignorância, ou influência de minha mãe, que sempre dizia:
- Gato é bicho traiçoeiro.
- Você sabia que um gato matou um padre?
Mantinha esta opinião até conhecer as gatas de uma grande amiga e hoje, contarei a história de uma delas: Jade. Uma gata que nutria por seu dono (e ele por ela) um amor e uma cumplicidade incríveis.
Abandonada pela mãe, junto com três irmãozinhos, Jade, foi adotada por Hélvio e Di, e, desde o início, se tornou a preferida da casa pelo Hélvio. Faziam tudo juntos: assistiam tv, navegavam na internet, dormiam...
Jade, desde novinha, se mostrou uma aristocrata. Não se misturava com os outros animais da casa, inclusive, seu passatempo preferido, depois de uma boa soneca, era bater na outra gatinha da casa.
Nessa época, Hélvio, já estava doente e ficava mais em casa, então, foi aí que o carinho entre os dois ficou mais forte. Ele inventava brinquedos para que pudessem brincar juntos. E ela, percebendo sua doença, também se recusava a comer, quando ele precisava se internar. A simbiose entre os dois era tão grande que ela absorveu traços de sua personalidade, como, observar as pessoas. Hélvio tinha mania de parar, e ficar observando as pessoas , no que elas estivessem fazendo.
Quando Hélvio morreu em dezembro de 2009, Jade entrou em depressão e nunca mais foi a mesma. Perdeu três quilos em um mês. Quando chegava alguma visita e sentava na cadeira onde ele se sentava para tomar sol, ela se agitava, unhava as cortinas e fazia tudo para chamar a atenção.
Em setembro de 2011, Jade, piorou consideravelmente. Não brincava e Di tinha que dar água e comida em sua boca com uma seringa. Seu comportamento também mudou. Ficava parada, apática, durante horas. Às vezes, descia para a garagem e não conseguia voltar.
Em dezembro de 2011, Jade precisou ser sacrificada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário