Diz o ditado popular que “quem ama o feio, bonito lhe parece” , pois com relação a Lindinha é a mais pura verdade.Essa viralatinha ficava na rua de casa correndo com um amiguinho de lá prá cá, muito alegre e esperta. Sempre que eu passava de carro, a observava. Um belo dia, ao sair no portão, lá estava ela, sentada na porta de casa. Meu marido disse “ a lotação aqui em casa está esgotada” e eu respondi que ia apenas colocar ração e água. Depois, fiquei com pena de ela passar a noite fria no passeio e pensei “só hoje”. Tem dois anos...
No primeiro banho, pude reparar a comunidade de pulgas, carrapatos e ossos saltando na pele. Dava até medo de quebrar na hora de esfregar. Ela era simplesmente horrorosa! Pena que a foto que tirei no dia que ela chegou, se perdeu. A opinião dos amigos era unânime “que cadela feia...” e eu dizia que por ela ser tão feia que a chamaria de Lindinha, prá ver se atraía beleza para ela. Bom, eu acho que deu certo. Com o tempo ela foi engordando, os pelos mudando e hoje ela é uma gracinha, pelo menos pra mim. Um amigo sempre brinca “quem não quer mais seu cachorro, amarre-o na porta da casa da Cláudia que ela bota prá dentro”.
Inteligente, eu nunca vi igual. Parece que entende tudo que a gente fala:
- Lindinha, pega a bolinha!
- Lindinha, cadê o paninho?
- Lindinha, vamos na casa da vovó? ( Ela corre pro portão que liga a minha casa a casa da minha mãe, na mesma hora).
- Lindinha, não pula! ( ela resmunga, como se estivesse reclamando).
Mas, o que estava tudo maravilhoso, virou um pesadelo por causa dos ciúmes da Flor. A veterinária explicou:
- Rotweiller é territorialista. Ela não vai admitir que ninguém invada seu território, principalmente fêmea.
Dito e feito. Lindinha apanhou quatro vezes da Flor. Na última vez, a porta do canil abriu e a Flor a encurralou. E sabem quem a salvou? Acreditem... Baruk. Entrou correndo no canil e se interpôs entre as duas. Ficamos perplexos. Hoje elas nem passam perto uma da outra, pra evitar problemas. Mas, Lindinha não se intimida. As duas só se vêem através do vidro de uma porta que separa o terreiro da garagem, e a viralatinha fica provocando a outra, o triplo do tamanho dela, através do vidro. Outro dia me estressei:
- Quer que eu abra a porta e ela venha te pegar?
Quando a Flor desmamou os seus filhotes, eles passaram a dormir com a Lindinha. Todos emboladinhos... e ela adotou o que eu acabei deixando aqui: Bacana , o caçulinha. E esta é a próxima história.