Kat. Este é o nome dela. Do furacão que compramos em BH, conforme o primeiro texto desta história. Uma rotweiller baixinha e troncudinha que deu o que falar. Em nada se parecia com o Casper em tamanho e temperamento.
Destruía tudo o que havia pela frente. Em nada a Flôr que eu já acho levada, se parece com ela. Kat, com cinco anos, ainda destruía. Flôr, com três, já melhorou bem.
As histórias são inúmeras: Vasilhas de ração de plásticos: todas. As de alumínio, com cimento por dentro ela rasgava no dente e ainda as carregava pra lá e pra cá, como se fosse uma folha de papel. Detalhe: elas pesam uns 10 kilos mais ou menos.
Como a casa estava em construção, às vezes os pedreiros esqueciam um cano, um pedaço de pau, qualquer coisa do tipo no terreiro. Quando Kat o achava , avançava no objeto, latindo sem parar, até eu me cansar do latido e ir até lá de madrugada, guardar o troço. Já houve noites em que eu, ao chegar na casa, a flagrava avançando num monte de entulhos.
Como já disse anteriormente, tínhamos uma kombi, e ao observá-la detalhadamente, notamos que ela estava sem a placa. Procura daqui, procura dali e descobrimos que nossa cadelinha havia feito da placa uma bola amassada, como se fosse de papel. O motorista, Sr. Mazinho desamassou a placa na martelada.
Numa noite, ao chegar na obra, ela estava olhando pra um canto, com os pêlos todos eriçados e rosnando. No canto, não havia nada, absolutamente nada, visível. Conclusão: além de tudo ainda era médium vidente.
Diagnóstico do veterinário da época: essa cadela é desequilibrada.
Havia um canteiro na frente da casa, onde pretendíamos fazer um jardim. Como ela estava absolutamente sem ter o que fazer, começou a escavar o canteiro até descobrir um cano de água, que ela arrancou e amassou todinho. Resultado: a água vazou a noite inteira.
As torneiras todas tinham uma proteção de grade, pois elas as arrancava da parede, cimentadas.
Piso para casa, sacos de carvão para os banheiros, qualquer coisa, ela puxava e se possível mastigava ou quebrava. Mas, ela não agia sozinha, não! Casper era seu ajudante. Ele só não era o autor intelectual das tramóias, mas quando chegávamos, ele bem que estava todo sujo, igual a ela.
Um dia, haveria uma entrega de pisos, na construção. Quando os entregadores chegaram, a primeira coisa que perguntaram foi se os cães estavam presos. Eu confirmei e ele começaram a entrega. Nesse intervalo, minhas primas Telma e Karina, aproveitaram pra cortar caminho até a casa da minha mãe e fizeram a mesma pergunta:
- Os cães estão presos?
- Sim. Estão.
Quando elas acabaram de descer a escada, Telma gritou:
- Estão soltos, viu?
Kat, havia aberto a porta do canil e estava passeando pelo terreiro. Esta minha prima, ao abrir o portão que chega na horta da minha mãe, só sentiu aquele bafo quente na canela.
Ao ouvir o grito, os carregadores se apavoraram. Um subiu no telhado, o outro pulou a janela, o outro saiu correndo pra rua. Só sei que foi uma confusão só. E ela mesmo, nem deu as caras lá no jardim pra ver o estrago.
Só um filhote de todas as suas crias sobreviveu. Sobreviveu, porque eu e mamãe tratamos dele na mamadeira. Chamei-o de Zé. Ele era lindo demais! Foi vendido e não tive mais notícias. (ver a primeira parte deste texto).
Quando passamos a morar na casa, as confusões pioraram. Ela entrava no cio e a gente tinha que separá-los. Então, começavam a sinfonia de uivos. E ela também, era bem safadinha. Prá ficar junto com seu maridinho, ela era capaz de tirar a massa do vidro da porta e passar pelo buraco. Só vendo pra acreditar!
Cansados, pedimos ao nosso amigo Alex, pra arrumar outra casa pra ela. Hoje, me arrependo. Casper sofreu demais com a sua falta. Não comia, emagreceu muito. Afinal, cresceram juntos. Até minha irmã, Kátia, que não gosta muito dos peludos, se comoveu com a tristeza do Casper, quando ele nem se dignou a levantar do canil pra avançá-la, de tanta tristeza. Se pensasse como penso hoje, arrumaria um jeito de ela ficar, talvez a castraria pra diminuir a energia contida. Não sei. Tentaria outra solução. Fiquei muito chateada, mas na época foi o que achamos melhor fazer. Logo depois, soubemos que na casa onde ela estava, as torneiras já estavam com grades. Kat, voltava a atacar.
Este no colo da mamãe é o Zé. Lindo demais!